Perspetiva pública e privada: desafios e oportunidades na Saúde Oral

Perspetiva pública e privada: desafios e oportunidades na Saúde Oral

A revolução digital na saúde oral não afeta apenas a prática clínica, mas também desafia os modelos públicos e privados de prestação de cuidados. Tanto o setor público como o privado têm papéis importantes na garantia de que as inovações tecnológicas sejam acessíveis a todos.

No setor público, Portugal tem feito esforços para melhorar o acesso aos cuidados de saúde oral, integrando-os progressivamente no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Iniciativas como o Complemento Solidário para Idosos (CSI) têm sido fundamentais para garantir que a população idosa e de baixos rendimentos tenha acesso a cuidados dentários essenciais, incluindo próteses.

Esta medida tem um impacto social profundo, permitindo que os mais vulneráveis mantenham a sua saúde oral e, por conseguinte, a sua saúde geral. No entanto, o acesso a tratamentos mais avançados, como as próteses digitais, continua a ser um desafio no setor público. A implementação de processos digitais e tecnologias inovadoras pode ser dispendiosa para o sistema de saúde público, exigindo um investimento considerável em infraestruturas e na formação de profissionais. Embora alguns avanços já tenham sido integrados, o acesso universal a estas tecnologias ainda está longe de ser uma realidade.

Por outro lado, no setor privado, a adoção destas inovações tem sido mais rápida, permitindo que clínicas dentárias ofereçam tratamentos mais personalizados e de maior qualidade. Laboratórios, clínicas privadas e seguradoras têm liderado a adoção de novas tecnologias, oferecendo serviços inovadores a pacientes que procuram tratamentos de maior qualidade e conveniência.

Esta capacidade de personalização dos tratamentos torna-se um fator atrativo para pacientes que valorizam resultados estéticos e funcionais superiores. No entanto, a crescente diferença entre os cuidados oferecidos nos sectores privado e público pode aumentar as desigualdades no acesso à saúde oral. Se as tecnologias digitais forem vistas como um luxo acessível apenas a quem pode pagar, corre-se o risco de que as populações mais vulneráveis sejam deixadas para trás.

Portanto, é essencial que as políticas públicas abordem esta disparidade, criando mecanismos que permitam parcerias público-privadas com uma implementação gradual destas inovações no sistema público, de forma inclusiva. Além disso, a formação contínua de jovens médicos dentistas, tanto no setor público quanto no privado, é crucial. A adaptação às novas tecnologias permitirá a estes profissionais destacarem-se no mercado e melhorarem os resultados clínicos.

A transformação da saúde oral em Portugal, seja no setor público ou privado, representa uma oportunidade para reavaliar a forma como os cuidados são prestados, assegurando que a revolução digital beneficie todos os cidadãos, independentemente da sua condição socioeconómica.

Carlos Ribeiro Ferreira

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