O Valor Económico da Saúde — Riscos da Inflação

Conferência organizada pelo Conselho Estratégico Nacional da Saúde da CIP.

Na abertura da conferência, que se realizou no passado dia 27 de Outubro no CCB, o presidente da CIP, António Saraiva, insistiu na “urgência” de assumir a saúde como uma área económica, pelo que o sector da saúde não pode estar apenas sob a tutela do Ministério da Saúde. Para a Confederação Empresarial de Portugal, tem de haver intervenção do Ministério da Economia e do Mar. “Será também importante a participação do Ministério da Ciência e do Ensino Superior (devido aos ensaios clínicos e transição do conhecimento) e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, pelas exportações e captação de investimento estrangeiro.”

É que, sublinhou António Saraiva, a saúde é uma “área estratégica para a economia e, consequentemente, para desenvolvimento do país.” E deu exemplos de quão essencial é este sector para “a sobrevivência” nacional: “Sem um sector industrial da saúde e serviços de saúde, não conseguiremos estar nas cadeias de valor, nem nos clusters de investigação e tornamo-nos genericamente menos atractivos.” É necessário agarrar esta “oportunidade que permitirá crescer de forma sólida e estrutural, com impactos a nível do emprego e das exportações.” E neste ponto, face à inflação, “a situação actual não é sustentável”, pondo em causa a continuidade das empresas da área da saúde.

Já durante o debate que se seguiu, Armindo Monteiro, vice-presidente da CIP, recordou que a capacidade de esforço destas empresas terá um fim. “Até agora está a ser feito por ilusão da margem, mas há um momento em que já não é sustentável.” A solução passa pela eficiência, disse, recordando a proposta discutida no seio do Conselho Estratégico Nacional de Saúde da CIP, de criação de um cartão único de saúde. “Não faz sentido, com recursos escassos, estarmos a repetir exames, meios de diagnóstico.” Uma ideia secundada por José Zorro Mendes, professor no ISEG: “Para termos uma economia mais eficiente e para haver concorrência sã sobre empresas de um sector, é suposto que a informação seja transparente, fluida. E aqui não é isso que acontece. Há sectores que se querem proteger inviabilizando dados de um doente – que à partida pertencem ao doente.”

Este é exactamente o ponto referiu o cirurgião José Fragata, com experiência profissional no privado e no público: “Nós não estamos todos na mesma velocidade. Não me serve de nada que haja um sistema electrónico no meu hospital, mas que não fale com os outros.”

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