Em pleno século XXI, falar de férias é muito mais do que falar de lazer. É falar de saúde. Numa sociedade marcada pelo ritmo acelerado, pela hiperconectividade e por níveis alarmantes de stress, fazer uma pausa deixou de ser um luxo e passou a ser uma exigência do corpo e da mente. As férias são, afinal, um tempo de cura, de reequilíbrio e de reencontro com o que realmente importa.
Neste artigo, reunimos cinco benefícios comprovados das férias para a saúde e mostramos porque é que desligar do trabalho é, na verdade, um poderoso ato de autocuidado.
1. Redução significativa do stress
O stress crónico é considerado uma das grandes epidemias modernas. Está associado a problemas cardiovasculares, insónias, ansiedade, depressão e até a doenças autoimunes. Quando vivemos em modo “piloto automático”, raramente damos ao corpo e à mente a oportunidade de respirar.
As férias interrompem este ciclo. Ao sairmos da rotina, ao deixarmos de lado os prazos apertados, os emails urgentes e as reuniões consecutivas, os níveis de cortisol (a hormona do stress) diminuem significativamente. Estudos mostram que bastam três dias de férias para que o humor melhore, o cansaço diminua e a qualidade do sono aumente, efeitos que, em muitos casos, se mantêm durante semanas após o regresso.
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Além disso, estar num ambiente diferente, longe das responsabilidades habituais, proporciona uma sensação de alívio e liberdade que é, por si só, terapêutica.
2. Reforço da saúde mental
A saúde mental é uma das áreas mais beneficiadas pelas férias. Tirar tempo para descansar, refletir, estar em contacto com a natureza ou apenas fazer o que se gosta ajuda a restaurar o equilíbrio emocional e a reduzir sintomas de ansiedade e esgotamento.
As férias oferecem também uma oportunidade de reconexão interior: sem pressões externas, é mais fácil ouvir o que o corpo e a mente realmente precisam. Este tempo de paragem promove o autoconhecimento, a resiliência e o bem-estar emocional.
Mais do que um escape temporário, as férias funcionam como um verdadeiro “reset” psicológico, essencial para manter a sanidade mental num mundo cada vez mais exigente.
3. Coração protegido e corpo mais saudável
O impacto das férias na saúde física é igualmente relevante. Pessoas que tiram férias com frequência apresentam menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Este efeito deve-se, em grande parte, à redução do stress e à maior propensão para práticas saudáveis durante o período de férias: caminhadas ao ar livre, refeições com mais tempo e menos ultraprocessados, noites bem dormidas e até maior motivação para praticar exercício físico.
Por outro lado, as férias ajudam o sistema imunitário a recuperar. Ao reduzir o cansaço acumulado e aumentar a exposição ao sol (e, com isso, os níveis de vitamina D), o corpo ganha mais resistência a infeções e doenças.
4. Relações sociais mais fortes

Outro benefício muitas vezes subestimado é o impacto positivo que as férias têm nas relações interpessoais. Quando estamos em modo trabalho, tendemos a ser menos disponíveis emocionalmente para os outros. As conversas são apressadas, os momentos em família tornam-se breves e distraídos e as relações acabam por sofrer com a falta de presença real.
Durante as férias, temos a oportunidade de partilhar tempo de qualidade com quem mais gostamos, sem interrupções, sem pressas, sem multitasking. Seja uma viagem em casal, um retiro em família ou apenas uns dias em casa com os filhos, o tempo dedicado aos laços afetivos fortalece as conexões e aumenta a satisfação geral com a vida. Relacionamentos saudáveis são um dos fatores mais determinantes para a longevidade e o bem-estar psicológico. Assim, ao investir nas férias, estamos também a investir em relações mais felizes e duradouras.
5. Aumento da criatividade e da produtividade a longo prazo
Embora possa parecer contraditório, parar para descansar é uma das formas mais eficazes de voltar ao trabalho com mais energia, foco e criatividade. Quando nos afastamos das tarefas do dia-a-dia, o cérebro entra num estado de “divagação produtiva”, em que surgem novas ideias, soluções inesperadas e uma visão mais clara sobre os desafios profissionais. Foi precisamente isso que mostrou um estudo da Universidade de Harvard, que concluiu que momentos de ócio estruturado, como os que se vivem durante as férias, estimulam o pensamento criativo e a resolução de problemas complexos.
Além disso, trabalhadores que gozam os seus períodos de férias são menos propensos ao absentismo, apresentam maior motivação e sentem-se mais valorizados pelas organizações. Ou seja, parar também é uma forma de avançar, com mais clareza, mais saúde e mais sentido.
Mais do que descanso um direito à saúde
As férias não devem ser vistas como uma “recompensa” por trabalhar demais, mas sim como um direito essencial à saúde e ao bem-estar. São um investimento que traz retornos evidentes, tanto no plano físico como no mental, emocional e social. Numa altura em que se fala tanto de produtividade e eficiência, é importante lembrar que o descanso é uma parte fundamental desse processo. Só cuidando de si poderá cuidar bem dos outros, tomar melhores decisões e viver com mais qualidade.
Portanto, se está a pensar adiar as próximas férias: não o faça. A sua saúde (e a sua vida) agradecem.
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